|Resenha| Nas Asas da Borboleta - Ivi Campos

by - quinta-feira, dezembro 20, 2012



Existe um momento na vida da gente que descobrimos que não conseguiremos ter tudo o que desejamos e nem que alcançaremos todos os objetivos. Talvez, nisso se resuma a vida adulta. Em saber o momento de persistir e o momento de recuar. Natália descobre que apesar de ter se tornado uma profissional bem sucedida, ser uma mulher inteligente e independente, o seu maior sonho pode não se realizar. Todo mundo já passou por um momento assim e quem ainda não passou, terá que enfrentar esse impasse um dia. Este é o momento de entender que a vida é ainda maior do que podemos imaginar.



Costumo me lançar de cabeça quando me proponho a ler um livro quando o mesmo se trata de uma publicação independente. Não que isso determine a qualidade de um livro, mas alguns fatores têm de ser levados em consideração. A começar pela capa. 
No caso do livro em questão esse foi o primeiro impacto. Nas Asas da Borboleta possui uma capa inexpressiva, sem vida. A imagem é meio tosca levando-se em consideração a sua importância. Mas, não estou aqui para falar unicamente da arte mal elaborada da capa.

Uma relação de amor e ódio foi construída durante o decorrer da leitura. A princípio foi muito difícil manter uma simpatia com a personagem Natália. Personagens com baixa autoestima normalmente são muito chatas e repetitivas. Sempre tendem a reclamar de tudo e tornam as coisas mais difíceis do que elas realmente são. 

Inicialmente, a personagem Fátima narra como fora desastrosa sua vida ao lado de seu marido Gilberto. Fátima ansiava pelo nascimento de sua filha Natália, que seu marido imaginava ser um menino. Como se não bastasse ter que esconder o sexo do filho, Fátima tinha que lidar com o marido alcoólatra. 

Enfim, logo de cara o primeiro capítulo foi difícil de ser digerido. E isso me deixou meio frustrada porque sabemos que é justamente pelo primeiro capítulo que somos fisgados. Mas, ainda não é hora de se desesperar. Havia muito a ser descoberto. Era preciso ter paciência. O sofrimento de Fátima duraria o suficiente para esclarecer alguns acontecimentos importantes que surgiriam à diante.

O livro é narrado em 1ª pessoa pela voz de Natália. A narrativa dá aquele salto necessário para que possamos conhecer a personagem principal. Já adulta, ela irá narrar toda sua trajetória de sucesso como profissional na área da fotografia. Natália fora criada por sua tia Ana, já que sua mãe trabalhava muito para dar condições que ela pudesse ter a melhor educação possível. 
Nat era uma jovem muito obstinada. Havia alcançado a sua independência financeira desde muito cedo aos 16 anos de idade. Apesar de sua determinação quando o assunto era profissão, seu grande sonho era tornar-se mãe. Aos 29 anos ela realizaria um dos seus sonhos. Casaria com Victor Pimentel, o homem que amava e que retribuía todo seu amor.

Como em um conto de fadas, a mocinha encontra seu príncipe encantado e vivem felizes para sempre. Não, perái! Nada disso! Que graça teria se tudo se resumisse a finais felizes. É preciso dramaticidade. E isso Ívi Campos soube trabalhar perfeitamente. Felizmente, como para tudo na vida existe um “MAS” a história desanda. Algo na receita deixou de ser acrescentado. 

A narrativa dava pequenos sinais de que algo poderia dar errado. Nat começa a me entediar com sua obstinação de ser mãe. Natália simplesmente pira! Torna-se chata! Passa a viver única e exclusivamente em prol de seu desejo de ser mãe. A pertinácia da personagem é tão fatigante que desejei por alguns instantes abandonar a leitura. 

Felizmente, existia Henrique; o melhor amigo de Natália. O amigo gato, sarado, bem sucedido, inteligente e gay que todo mulher desejaria ter na sua vida. Henrique é um cara gente boa que estava do lado de Nat nos momentos em que ela mais precisava. A amizade entre eles é um dos pontos fortes da narrativa. Enfim, o livro vai abordar todo o processo de descoberta da personagem Natália após alguns acontecimentos importantes que ocorrem após sua separação. 

Natália descobre que o amor por si só não é o suficiente para se tornar uma pessoa feliz e realizada. Ela descobrirá da maneira mais difícil o quanto a vida pode ser dolorosa. Determinada a ser mãe a todo custo e se realizar como mulher, Natália decide fazer uma viagem à Europa. Sendo assim, ela parte para o outro lado do continente em busca da sua realização. 

A partir desse momento, a história dá aquela esticada desnecessária. A autora começa a descrever detalhadamente os lugares por onde a personagem passa habitar e com isso a narrativa torna-se cansativa. Porém, achei interessante a capacidade da autora descrever tantos lugares no qual ela jamais esteve presente. Ela conseguiu passar credibilidade ao narrar cada local por onde Natália percorreu, porém achei que a descrição minuciosa tornou-se entediante. Apesar disso, persisti na leitura.

Nos quarenta e cinco minutos do segundo tempo, a história ganhou minha confiança e afeição. Já não era sem tempo, não é mesmo? A narrativa dá aquela reviravolta de novela de Manoel Carlos e tudo se apruma. Demorou, mas a partir do vigésimo quinto capítulo a história começa a ficar muito interessante. Fortes emoções começam a surgir a cada virada de página. A partir daí a leitura flui, torna-se prazerosa e não há como abandoná-la. 

No final tive a sensação inebriante de prazer cumprido. Mais um livro daria sua pequena contribuição na minha formação enquanto indivíduo. É óbvio que para isso, a autora fez uso de muitos clichês, mas isso se torna irrelevante quando bem utilizado.
Fico muito feliz quando no fim das contas, algo de bom possa ser aproveitado. Tive que ser paciente, reconsiderar o fato do livro ser uma publicação independente e reconsiderar alguns pontos como: o fato da folha ser branca e não facilitar a leitura, mas como a fonte era de tamanho agradável isso deveria ser relevado. 

Outras coisas que me incomodaram bastante durante a leitura foram: a ausência de acentuação durante toda a narrativa. Isso foi perturbador! A acentuação fora esquecida e por vezes tudo pareceu muito confuso; alguns conceitos básicos como contiguidade e similaridade foram esquecidos durante a construção da narrativa. 
Em muitos parágrafos, os termos eram repetidos incansavelmente. Outro ponto desagradável foi a utilização de palavras onde a gradação deveria destacar e dar maior expressividade em alguns termos. Teve momentos que isso parecia mais o tal “encher linguiça”. 

Gostaria de enfatizar que a história do livro é muito boa. A autora conseguiu transmitir a sua mensagem. Lições de amor, dedicação, superação e fé são muito bem exploradas dentro da narrativa. Mas como um livro não depende unicamente da história ser bem contada ou não, eu acredito que muita coisa deveria ser reavaliada. A começar pela revisão. Em alguns casos a edição poderia ser necessária. A capa deixa muito a desejar e não consegue transpor a beleza que a história possui. Para aqueles que julgam os livros pela capa, Nas Asas da Borboleta seria completamente ignorado. 

Recomendo a leitura a todos os leitores que curtam bons romances. É um livro que faz o leitor rememorar sobre sua própria trajetória, pontuando todas as fases importantes da sua vida. Aborda as relações familiares com muita propriedade. E acima de tudo, preconiza a importância da amizade. 

O final do livro deixa a entender que teremos uma continuação, provavelmente sobre a ótica de Henrique. Isso me deixa muito feliz porque como eu havia mencionado o personagem por si só vale a leitura. Mas, espero que dessa vez o livro seja trabalhado em relação ao processo de revisão. Histórias bem contadas são sempre bem vindas. 

FICHA TÉCNICA
Título: Nas Asas da Borboleta
Autora: Ivi Campos
Número de páginas: 315
Edição: 1(2012)
Coloração: Preto e branco
Acabamento: Brochura c/ orelha 

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9 comentários

  1. GabrielaLaganowskiReis20 de dezembro de 2012 às 19:42

    Gostei bastante da resenha! Parece ser um livro bom! Mas não curti o fato de que não tem acentuação... Mas parece ser um livro doce....

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  2. Oi Zilda!

    Que bom que no final de tudo, a leitura lhe trouxe satisfação. Acho que me incomodaria muito ler um livro sem acentuação, nem sei se conseguiria.

    Beijos... Elis Culceag.

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  3. Zilda, obrigada pelo espaço, pelo apoio e pela sinceridade!!! Um beijo mega carinhoso pra ti!!!

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  4. Uma revisão torna-se muito importante nesses momentos. Confesso que antes de ler sua resenha, já estava sentido-me contrariada com a capa, é ela a responsável pelo primeiro contato que temos com o livro, se ela não atrai, pode afugentar um leitor.
    Valeu por nos apresentar mais uma obra.
    parabéns pela resenha.
    Bjos
    Ni
    Ciadoleitor

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  5. Pontos importantes que você citou na resenha. Estou para ler o livro, e com as suas palavras, me deixou curiosa em relação a estória, afinal, apesar dos pontos negativos, vemos que um livro que vale a leitura, com um enredo bem interessante e emocionante =D

    Bjs

    daimaginacaoaescrita.com

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  6. Oi amiga!
    Como sempre sua resenha foi maravilhosa, pude ter uma visão bem ampla do livro, sem ter lido.
    Fiquei bem curiosa para ler, eu adoro um bom romance.
    Sei lá, eu gostei da capa, acho que é pq eu gosto de borboletas, mas só lendo para fazer a compraração!

    Bjinhs*
    http://diariodeincentivoaleitura.blogspot.com

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  7. Renata (do blog Escuta Essa)21 de dezembro de 2012 às 15:52

    Oi Zi
    O primeiro passo da autora já foi dado, agora é revisar o livro, preparar uma bela capa, colocar páginas creme e tudo mais, mas como a produção é independente, fica complicado ter tudo arrumadinho mesmo.
    Mas gostei de saber que a história é boa ;)
    Parabéns pela resenha

    Beijinhos
    Renata
    http://escutaessa.blogspot.com.br
    http://www.facebook.com/BlogEscutaEssa
    @blogescutaessa

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  8. Gosto das suas resenhas porque você é sincera e explora vários pontos importantes da narrativa Zilda. Não conhecia esse livro ainda, mas ele parece ser bem legal apesar dos pontos negativos. Afinal, deve ser muito difícil lançar um livro independente e acredito que a autora se esforçou, mas é complicado não deixar falhas em casos assim. Gostei do enredo e acho que gostaria de ler essa obra um dia. Iria ser legal se Ivi conseguisse uma editora para divulgar mais e melhorar os erros. Sucesso para ela :)


    Abraços
    www.entrepaginasdelivros.com

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  9. Oie Zilda

    Fiquei com vontade de ler o livro, para ver como essa historia se desenrola, estou adorando a literatura nacional !!!

    Concordo com voce, não gostei da capa, achei sem atrativos, mas ainda bem que a historia compensa ^^

    Beijus


    Renata Sara

    http://amordelivros.blogspot.com.br/

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